Confederação Brasileira de Rugby 26 , 2021

Yaras: seleção brasileira feminina ganha nova identidade visual

Idealizada pelas próprias atletas, lançamento aconteceu na segunda-feira dia 24 de maio

A seleção brasileira feminina possui uma vitoriosa história de quase duas décadas, de muita luta, sacrifício e entrega. Uma história com muitas referências, como Márcia Müller, Júlia Sardá, Natasha Olsen, Mari Ramalho, Paula Ishibashi, Baby Futuro, Maíra Magdaleno, Gabi Ávila, entre tantas outras. Entretanto, as atletas da seleção brasileira feminina ainda atuavam com o símbolo da seleção masculina na camisa, o “Tupi”. 

Já não mais.

Com base na alcunha adotada pelas próprias atletas da seleção no fim de 2013, a de “Yaras”, começou-se a pensar em uma nova identidade para ela. O ponto de partida para isso foi a autonomia do grupo, que há anos pensou neste nome “Yaras”, que remete à coragem e coletividade das mulheres do rugby do Brasil. A personagem "Yara" na mitologia tupi-guarani é a filha de Pajé e temida guerreira que, para escapar da morte, se refugiou nos rios. Por essa razão, é conhecida em partes do país como a “senhora das águas”. Para atletas do passado e do presente, a força do nome "Yaras" reside no valor à coletividade, que é um elo entre a cultura dos povos brasileiros e os princípios do rugby.

As atletas criaram um nome, um símbolo que representasse o coletivo, e estabeleceram um uniforme que contou com a participação de todas. Yaras do atual plantel e do passado se reuniram virtualmente para chegar ao conteúdo final. Empreender, inclusive, é uma marca do grupo, que já havia criado uma imagem prévia de uma “Yara”, inclusive colocando-a em uma linha de roupas de treinamento, objetos e nas redes sociais.

“A essência de ser uma Yara é ter a consciência de que precisamos uma das outras para vencer nossos desafios e sonhar com mais conquistas. Esse reconhecimento é muito importante para esse grupo de mulheres que construiu identidade própria em um esporte que ainda é considerado essencialmente masculino”, ressalta Isadora “Izzy” Cerullo, atleta da seleção. 

“Essa conexão com a natureza interna e externa que os povos indígenas nos ensinam é uma referência muito forte para quem pratica rugby e sabe que tem que acreditar em cada lance, em cada oportunidade”, observa Juliana “Juka" Esteves, Yara entre 2010 e 2016, tendo encerrado a carreira após a Rio 2016.

A nova identidade foi criada pelo - também um rugbier - Liam Piacente, tendo sido uma encomenda das Yaras à CBRu. Demandou do artista cerca de dois meses de pesquisas até atingir a expressão desejada, dividindo as referências com as atletas da seleção e buscando sintetizar o espírito coletivo do grupo. Também foi necessário utilizar como referência o guia de marcas da CBRu e o símbolo dos Tupis (seleção brasileira masculina), para harmonizar os traços, as cores e as formas da lenda feminina que estará em campo a partir de agora com as "Yaras". O objetivo é mostrar que não deve existir contraposição entre os dois gêneros dentro e fora do esporte.

As Yaras viajaram na segunda-feira (24 de maio) para os Estados Unidos, como parte da preparação visando os Jogos Olímpicos de Tóquio. A equipe ficará na cidade californiana de Chula Vista, onde fará um pequeno torneio contra as equipes adulta e juvenil dos EUA nos dias 31 de maio, 1 e 2 de junho. Nesta ocasião também farão a estreia do uniforme com a nova identidade visual.

Fotos y  video: FotoJump