Confederação Brasileira de Rugby 25 , 2022

Referência do rugby brasileiro, Izzy Cerullo se despede das Yaras

Isadora Cerullo, a Izzy, disputou duas edições de Jogos Olímpicos: Rio 2016 e Tóquio 2020. Colecionou troféus pelo Brasil e fez história com as Yaras, tendo jogado por quase uma década pela seleção brasileira. Terá pela frente outro desafio Olímpico, desta vez fora de campo.

O ano era 2014 e vivia-se a – boa – apreensão de disputar os Jogos Olímpicos Rio 2016. As seleções nacionais se fortaleciam, disputavam grandes e emocionantes torneios. O Brasil recebeu alguns deles, como uma etapa do circuito mundial de rugby sevens. Tendo nascido nos Estados Unidos e com os pais brasileiros, Isadora Cerullo tinha as duas nacionalidades e destacava-se no esporte. Soube do crescimento do jogo no país e arriscou. Deixou a faculdade de medicina em busca do sonho de viver o esporte.

Abrir mão de um futuro na medicina na América do Norte, para tentar um esporte sem tanta visibilidade no Brasil, é uma mudança bastante drástica. Um risco imenso, diriam. Seja mudança, seja risco, Izzy chegou ao Brasil em julho de 2014, com 23 anos. Quase um terço da sua vida depois, ela se despede da equipe cuja história e identidade ajudou a construir.

Não se trata apenas dos números de Izzy pelo Brasil, com dois Jogos Olímpicos no currículo, bronze nos Jogos Panamericanos Toronto 2015, as conquistas sul-americanas e disputas dos circuitos mundiais. Sem falar nas memoráveis atuações pelo Niterói, histórica instituição do rugby brasileiro a quem Isadora foi leal durante esses anos todos. Mesmo não morando no estado do Rio de Janeiro. 

Exemplo de lealdade.

Trata-se daquilo que Izzy deixou fora dos gramados. Suas falas precisas e coerentes devem servir de exemplo para todos nós. Conforme pensa, fala. Conforme fala, age. Sem fazer barulho e querer chamar a atenção, sua luz própria brilha por onde passa. Viveu um período importante com a seleção feminina, justamente aquele que formou toda a identidade da equipe, de quem são as Yaras.

E é impossível pensar em uma Yara sem se lembrar de Izzy Cerullo, cuja conduta colaborou muito para a identidade da seleção feminina. As Yaras hoje representam para o esporte do Brasil um ideal de pluralidade e diálogo, que vem de dentro do alto-rendimento e é capaz de ser difundido em outras dimensões da prática esportiva, como o esporte escolar e o de participação. É o exemplo que vem de cima.

Ora, pluralidade e diálogo são elementos fundamentais para o desenvolvimento e crescimento de toda a sociedade. Pluralidade e diálogo remetem ao respeito, à integridade e à solidariedade, valores do rugby. 

A semente que a Izzy plantou no Brasil cresceu em forma de uma árvore inabalável. É para sempre. No entanto, há tempo de plantar e há tempo de colher. Há tempo de ficar e há tempo de ir. Chegou o tempo de ir.

Como toda constante na vida é a mudança, Izzy foi. Partiu para os Estados Unidos, onde assumiu recentemente cargo no Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Los Angeles 2028. Vai para fazer história e deixar muito mais, para sempre, para o mundo todo.

O rugby sul-americano agradece, Izzy!